Domingo inesquecível. Wembley ficou vermelho a base de
muito sofrimento! O jogo começou com o Liverpool indo pra cima do Cardiff. Já
no início do confronto, Glen Johnson soltou um petardo de fora da área que foi
parar no travessão do goleiro Heaton. Parecia que seria fácil... Doce ilusão!
Os Reds continuavam pressionando, mas esbarravam na falta de criatividade para criar
as oportunidades de gol.
Nem o mais pessimista torcedor do Liverpool poderia
imaginar que, aos 19 minutos da primeira etapa, o Cardiff abriria vantagem no
marcador. E foi o que aconteceu. Em uma bela trama ofensiva do ataque da equipe
galesa, Kenny Miller deixou Mason na cara do gol, que concluiu com frieza na
saída do goleiro Pepe Reina. Bateu aquele desespero! Certamente, o seguinte
pensamento pairou na mente de muitos torcedores do Liverpool: “Não é possível, será
o sofrimento habitual contra os times pequenos. Martelamos, atacamos,
pressionamos e nada da bola entrar, nada do gol!
Muita transpiração e pouquíssima inspiração sintetizam o
que foi o primeiro tempo vermelho. Os primeiros 45 minutos terminaram com
vantagem para a equipe galesa, que se entrincheirou com maestria na defesa, com
destaque para as atuações de Turner e McNaughton. Os torcedores do Liverpool sabiam
que Kenny Dalglish teria que alterar o rumo do jogo, os Reds pouco ameaçavam a
baliza do Cardiff City.
O segundo tempo começou como terminou o primeiro. Os
jogadores do Liverpool corriam, tentavam, suavam, mas faltava criatividade. A
angústia tomava conta de cada torcedor vermelho. À medida que o tempo passava o
sofrimento aumentava, era preciso que cada jogador deixasse a alma em campo
naquela tarde em Wembley.
Eis que a recompensa por tanta luta veio. De tanto insistir
nas bolas alçadas pela área, o Liverpool conseguiu o empate. No escanteio
batido na esquerda,
o contestado Andy Caroll escorou de cabeça e ainda contou com o desvio também
de cabeça de Luis Suarez. Era mesmo para ser sofrido! A bola desviada pelo
uruguaio na risca da pequena área tocou caprichosamente na trave. A sorte foi
que o rebote caiu nos pés do zagueirão Skrtel que, com a categoria de um
centro-avante, empatou o jogo. Alívio para a massa vermelha. A marca registrada
da torcida dos Reds – “You’ll never walk alone” – ecoava em Wembley.
Kenny Dalglish foi decisivo ao sacar Henderson, completamente
improdutivo, e promover a entrada de Craig Bellamy, logo nos primeiros minutos
da segunda etapa. A entrada de Bellamy, um dos destaques do Liverpool na
temporada, deu mais movimentação ao time. O galês serviu, ao lado de Suarez,
como mais uma peça para incomodar e atormentar a segura zaga do Cardiff. Mesmo
após o gol de Skrtel, os Reds continuavam melhor em campo, pressionando
incessantemente a retaguarda da equipe galesa. Sem resultado. O jogo terminou
mesmo 1x1, a decisão ficaria para a prorrogação.
A tensão neste momento era flagrante. O torcedor do
Liverpool temia pelo pior. Aquela era a oportunidade dos sonhos para acabar de
vez com o jejum de títulos que já perdurava 6 anos. O gigante adormecido de
Liverpool tinha que acordar!
No inicio da prorrogação, após um escanteio cobrado por
Downing, Suarez cabeceou e, depois de já ter vencido o goleiro Heaton, o
zagueiro Turner salvou a bola em cima da linha. Frustração do uruguaio e de todos
os torcedores que já comemoravam. A partir daí, o jogo caiu bastante de
rendimento, totalmente compreensível devido ao desgaste físico e emocional dos
jogadores.
Tudo mudou quando Kenny Dalglish optou por substituir o
apagado Caroll por Kuyt, o talismã da torcida. Kuyt entrou no gramado com a
raça que lhe é habitual. Acreditou em todas as jogadas e jamais deixou de lutar
para recuperar a posse de bola. O melhor do talismã holandês ainda estava por
vir! Kuyt, em um raro deslize da defesa do Cardiff, aproveitou o rebote do seu
próprio arremate para fuzilar inapelavelmente a meta do goleiro Heaton. Virada
do Liverpool. Êxtase total! O som de “We are the Champion” já eclodia na cabeça
de cada fanático pelo Liverpool ao redor do mundo. No entanto, faltava ainda
cerca de 15 minutos para acabar o jogo. Uma eternidade para os ingleses e um
piscar de olhos para os galeses.
No jogo do improvável, o inimaginável novamente mostrou a
cara. O excelente zagueiro Turner, do Cardiff, empatou o jogo em uma cobrança
de escanteio faltando apenas dois minutos para o término da prorrogação.
Comemoração efusiva da torcida galesa. Pareceu até ter sido o gol do título de
uma final de Copa do Mundo. Não deu
outra, tudo seria decidido nas penalidades.
Nos penâltis, Steven Gerrard, o primeiro a cobrar, não
converteu sua cobrança em virtude da excelente defesa do goleiro Heaton. Para a
sorte da torcida vermelha, o experiente Kenny Miller carimbou a trave de Pepe
Reina. Charlie Adam isolou sua cobrança, num chute bisonho, que mais pareceu um
field goal. Na cobrança seguinte, Cowie acertou o ângulo de Pepe Reina, abrindo
o placar na disputa, Cardiff 1x0. Desespero total, a possibilidade do vice
campeonato dava calafrios na torcida do Liverpool. Dirk Kuyt, o terceiro a
cobrar pelo Liverpool, tinha obrigação de acertar para igualar a série. Dito e
feito, o talismã igualou a disputa. Na cobrança seguinte, o francês Gestede
acertou a trave, mantendo tudo igual.
Faltavam ainda duas cobranças para cada equipe. O contestado na temporada, porem "man of the match" Stewart Downing converteu a sua penalidade e deixou o Liverpool em vantagem, 2x1. Whittingham também balançou as redes para os galeses, deixando tudo igual. Momento de definição: Glen Johnson e Anthony Gerrard, primo do craque do Liverpool, eram os responsáveis pelas cobranças decisivas. Glen Johnson deu um susto em muita gente, que viu a bola nas arquibancadas, mas, ela entrou. Gol dos Reds, 3x2! Tudo estava nos pés de Anthony Gerrard. Cabia ao desconhecido Gerrard empatar a série, mas, para a sorte do torcedor dos Reds, ele falhou. Título da Carling Cup sacramentado para o Liverpool! Delírio total! Terminava aqui o jejum de 6 anos sem título!
Agora, muitos falam: “Todo esse alarde e comemoração só por
uma Carling Cup?”. Não. Toda essa comemoração é pelo ressurgimento dos Reds,
que voltou a conquistar um títulos após passar 6 anos com as mãos abanando. O
torcedor comemora o ressurgimento e a reafirmação dos Reds no cenário inglês.
Com o titulo, Kenny Dalglish e seus comandados têm tudo pra embalar e lutar com
unhas e dentes pela tão sonhada vaga para a Champions League da próxima
temporada.
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